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Neste artigo você verá como a joint venture Weitz/Turner usa o método CMAR para entregar o novo terminal do Aeroporto de Des Moines. Entenda como essa abordagem trouxe certeza orçamentária e permitiu integrar time de projeto e construção desde cedo. Acompanhe como a equipe enfrentou solo instável, espaço reduzido no sítio e exigências de redundância elétrica, preservando o cronograma e preparando o aeroporto para portões e serviços mais modernos — uma tendência vista também em grandes projetos, como a expansão do Concourse D no O’Hare.
- CMAR deu certeza de custo ao dono
- A equipe de construção entrou cedo e reduziu mudanças
- Solo e espaço apertado exigiram estabilização e remanejamento
- Receita do estacionamento ajuda a financiar a obra
- VDC e coordenação virtual agilizaram a execução
Visão geral do projeto: o que você precisa saber sobre o novo terminal
Resumo direto: a expansão centraliza-se em um novo terminal orçado em US$ 445 milhões, parte de um pacote total de cerca de US$ 775 milhões em investimentos aeroportuários e infraestrutura. O objetivo é responder ao rápido crescimento regional e modernizar instalações antigas.
Neste artigo você encontrará:
- Como o projeto foi organizado para controlar custos
- Como a comunidade contribuiu com financiamento público
- Principais obstáculos técnicos no terreno
- Métodos de entrega e estratégias de execução
- Lições práticas aplicáveis a outros projetos
Por que o modelo CMAR mudou as regras do jogo
Em 2022 o estado autorizou o uso do Construction Manager At-Risk (CMAR) para entidades públicas. Em vez do design-bid-build, a autoridade contratou um gerente de construção nas fases iniciais. Benefícios diretos:
- Envolvimento do construtor durante o design
- Redução de surpresas orçamentárias
- Estabelecimento de um Preço Máximo Garantido (GMP) para previsibilidade financeira
Ter o empreiteiro à mesa desde cedo alinhou projeto e preço, evitando desenhos finais sem referência aos custos de mercado.
Como o financiamento foi montado — um modelo comunitário
O projeto foi financiado por uma mistura de fontes: não dependeu apenas do aeroporto. Participaram condados, cidades, doações privadas, recursos estaduais e subvenções federais. Também houve votação pública aprovando a emissão de títulos — em um ambiente político onde até decisões sobre verbas de energia e água têm impacto direto no financiamento local (decisões legislativas recentes).
Tabela resumida do financiamento (valores aproximados):
Fonte | Valor (US$) |
---|---|
Títulos locais aprovados por voto | 350.000.000 |
Estado (fundos federais) | 58.700.000 |
Subvenção federal (FAA / infraestrutura) | 10.800.000 |
Contribuições municipais e locais | 25.000.000 |
Doações privadas | 5.000.000 |
Total (projeto ampliado) | ~775.000.000 |
A receita do novo estacionamento (mais de 1.100 vagas) já está em operação e integra o plano financeiro para suportar pagamentos futuros. Para entender melhor como obras dessa escala afetam comunidades e fluxos urbanos, veja referências sobre como lidar com os impactos de grandes obras.
O papel da equipe conjunta: Weitz e Turner
A joint venture combinou conhecimento local e experiência nacional em aeroportos. Vantagens operacionais:
- Capacidade de autocontratar serviços críticos (concreto)
- Acesso a fornecedores regionais de painéis pré-moldados
- Flexibilidade para dividir responsabilidades técnicas e comerciais
A JV manteve um escritório de projeto junto ao canteiro, movido quando necessário para permitir estabilização do solo — prática comum em sítios com espaço restrito.
Desafio de espaço e logística no local
Mesmo com um campus de cerca de 2.600 acres, o espaço útil para montagem era limitado. A gestão logística incluiu:
- Redirecionamento de tráfego para manter o terminal em operação
- Transferência temporária de áreas de drop-off e estradas
- Reconfiguração de pistas, taxiways e edifícios de apoio conforme a obra avançava
- Reinstalação de cercas e reorganização de gates em feriados e pausas operacionais
Coordenação contínua com companhias aéreas foi essencial para negociar uso de portas de embarque e evitar cancelamentos e retrabalhos. Esse tipo de integração multimodal e coordenação entre atores é semelhante às iniciativas de conexão entre modos de transporte em outras regiões.
Condições do solo: surpresa antiga, solução técnica
Relatórios geotécnicos identificaram camadas semelhantes a antigos leitos de rio e entulho sob a superfície. Medidas adotadas:
- Escavações mais profundas onde necessário
- Uso de enchimentos pesados e compactação controlada
- Aplicação de técnica de sobrecarga (surcharge) para compressão prévia do terreno
- Período de espera de compressão durante meses (inclusive no inverno) antes de instalar utilidades
Para entender desafios de escavação em grandes empreendimentos, há paralelos com projetos que programam máquinas e logística de escavação em larga escala (maquinário e escavação do projeto Gateway).
Regra prática: primeiro estabilizar o solo; depois instalar redes de água e esgoto; só então avançar com estruturas — evitando recalques futuros.
Redundância elétrica e infraestrutura crítica
A exigência por sistemas elétricos redundantes é normativa em aeroportos. Em Des Moines a estratégia incluiu:
- Alimentações vindas de leste e oeste para redundância
- Subestações em loop para maior segurança
- Transformadores e sistemas temporários para o canteiro
- Planejamento de longos lead times para equipamentos críticos (switchgear)
A equipe planejou fontes de energia de comissionamento separadas para testes e segurança, garantindo continuidade da obra.
Tecnologia de modelagem e montagem (VDC)
O uso intensivo de VDC (Virtual Design & Construction) permitiu modelagem detalhada de instalações mecânicas, elétricas e hidráulicas — às vezes com tolerâncias de meia polegada. Benefícios:
- Detecção de conflitos (clash detection)
- Planejamento logístico de montagem
- Resposta ágil a mudanças de campo
- Comunicação clara entre projetistas, construtor e subcontratados
Adoção de plataformas digitais e inteligência artificial têm acelerado workflows de obra, como mostram iniciativas que integram IA a ferramentas de gestão (Procore e AWS aplicando IA). Da mesma forma, a implementação de modelagem BIM em projetos governamentais oferece ganhos de eficiência comparáveis (adoção de BIM em projetos do USACE).
Pré-fabricação e execução: montagem acelerada
A equipe usou elementos pré-moldados (precast panels) de fornecedor regional, instalados rapidamente. A JV também executou parte do concreto internamente. Vantagens:
- Menor tempo de obra in loco
- Qualidade controlada em ambiente de fábrica
- Economia ao autorrealizar pacotes estratégicos
Além da pré-fabricação, tecnologias de automação e robótica começam a transformar canteiros, reduzindo mão de obra repetitiva e melhorando produtividade (robôs para canteiro).
Combinar pré-fabricação com execução própria reduziu riscos em cronogramas apertados.
Cronograma e fases: o que acompanhar
Entrega prevista do novo terminal: janeiro de 2027. O cronograma foi fatiado para permitir continuidade operacional. Fases críticas:
- Preparação do canteiro e estabilização do solo
- Rede de utilidades subterrâneas
- Estruturas de concreto e montagem pré-fabricada
- Sistemas elétricos, HVAC e comissionamento
- Entrega e abertura dos novos gates
O estacionamento já em operação gera receita projetada para ajudar no financiamento da etapa final.
Gestão de riscos e orçamento: práticas aplicáveis
Medidas que trouxeram previsibilidade orçamentária:
- Inclusão de escalonamento e inflação no custo inicial
- Uso do CMAR para validar preços durante o desenvolvimento do projeto
- Concorrência ampla para manter propostas competitivas
- Integração do dono, projetistas e construtor desde o design
A disciplina orçamentária foi crucial, mesmo com a inflação dando margens variáveis ao longo do período.
Comunicação com a comunidade: obtenção de apoio
Lideranças mobilizaram apoio público com clareza sobre benefícios econômicos. Destaques:
- Reuniões com mais de 20 cidades da região
- Apresentação transparente dos benefícios locais
- Mobilização bem-sucedida para aprovação de títulos por voto popular
Estratégia exemplar para projetos de grande escala que necessitam aceitação pública — similar ao esforço de comunicação visto em outras ampliações aeroportuárias e grandes obras.
Desafios de execução que você deve conhecer
Principais ajustes enfrentados:
- Mudança de cercas e reorganização de gates em datas sensíveis
- Identificação e remoção de entulho no subsolo
- Longos prazos de entrega para equipamentos elétricos
- Manutenção da operação do aeroporto durante a construção
Soluções práticas: agendar mudanças fora de picos de viagem, negociar prazos com fornecedores e usar energia temporária para manter produção.
Como a cooperação entre todos manteve o projeto alinhado
A governança colaborativa — arquitetos, engenheiros, construtores e autoridade aeroportuária desde o desenho — trouxe:
- Menos surpresas nas licitações
- Estimativas de custo mais confiáveis
- Capacidade de adaptar o projeto sem comprometer o orçamento final
Essa transparência fortalece a confiança de financiadores e da comunidade. Projetos complexos e interdependentes costumam se beneficiar dessa governança, como em grandes obras ferroviárias e de túneis (experiências em empreendimentos complexos).
O que funcionou bem — resumo para projetistas e gestores
Práticas recomendadas:
- Adote modelos de entrega com envolvimento precoce do construtor (CMAR)
- Preveja riscos de solo com estudo geotécnico e planos de remediação
- Planeje fontes de receita antecipada (ex.: estacionamento) para aliviar dívida
- Use VDC para evitar conflitos e reduzir retrabalhos
- Prefira pré-fabricação quando o local tiver restrição de espaço
- Garanta redundância em sistemas críticos (energia, comunicação)
- Comunique-se com municípios e a comunidade para obter apoio
O que poderia ter sido diferente — reflexões práticas
Ações para otimizar futuros projetos:
- Antecipar a compra de equipamentos com longos prazos de entrega
- Reservar folgas maiores para movimentação de cercas e gates em calendários de viagem
- Criar canais formais de decisão para acelerar mudanças de projeto
- Planejar etapas de receita operacional antes do fechamento financeiro
Essas medidas minimizam atrasos e reduzem impacto na operação.
Checklist rápido para o seu próximo projeto aeroportuário
- [ ] Defina modelo de entrega cedo (considerar CMAR)
- [ ] Faça estudo geotécnico detalhado
- [ ] Planeje energia redundante e temporária
- [ ] Integre VDC nas fases de projeto
- [ ] Identifique fontes de receita antecipadas
- [ ] Estabeleça parceria com fornecedores estratégicos
- [ ] Envolva a comunidade e comunique benefícios locais
- [ ] Garanta concorrência ampla para manter preços competitivos
Conclusão
A joint venture Weitz/Turner usou o CMAR para alinhar projeto e preço desde cedo, garantindo certeza orçamentária por meio de um GMP e reduzindo surpresas. O projeto superou solo imprevisível, espaço apertado e exigência de redundância elétrica com soluções práticas: VDC para detectar conflitos, pré-fabricação para acelerar montagem e financiamento que inclui receita de estacionamento. Pequenas decisões operacionais — mudar escritórios, negociar portas de embarque — fizeram diferença no dia a dia do canteiro.
Lição principal para gestores: envolva o construtor cedo, priorize o solo, antecipe compras de equipamentos e use tecnologia para evitar retrabalhos. Essas medidas não eliminam todos os riscos, mas traçam uma rota mais segura.
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Adalberto Mendes, um nome que ressoa com a solidez do concreto e a precisão dos cálculos estruturais, personifica a união entre a teoria e a prática da engenharia. Professor dedicado e proprietário de uma bem-sucedida empresa de construção, sua trajetória é marcada por uma paixão que floresceu na infância, alimentada pelo sonho de erguer edifícios que moldassem o horizonte. Essa fascinação precoce o impulsionou a trilhar o caminho da engenharia, culminando em uma carreira onde a sala de aula e o canteiro de obras se complementam, refletindo seu compromisso tanto com a formação de novos profissionais quanto com a materialização de projetos ambiciosos.